A queda na movimentação nas grandes cidades causou efeitos diretos no meio ambiente, como a diminuição da emissão de poluentes na atmosfera e no aumento da geração de resíduos domésticos e hospitalares.
Resíduos sólidos
Segundo a ABRELPE, estima-se que por conta das medidas de quarentena, isolamento e distanciamento social adotadas poderá haver um aumento relevante na quantidade gerada de resíduos sólidos domiciliares (15-25%) e um crescimento bastante considerável na geração de resíduos hospitalares em unidades de atendimento à saúde (10 a 20 vezes).
Emissões atmosféricas
O fecho de fábricas e do comércio, além das restrições de viagem para lidar com a disseminação do vírus resultou na redução das emissões de poluentes na atmosfera.
Na Europa não foi diferente, cidades como Bruxelas, Paris, Madrid, Milão e Frankfurt tiveram uma redução nos níveis médios de dióxido de nitrogénio entre 5 e 25 de março na comparação com o mesmo período do ano passado.
Dados da Agência Ambiental Europeia (EEA) revelaram que em Madrid, os níveis médios de dióxido de nitrogénio recuaram 56% na comparação semanal depois que o governo espanhol proibiu viagens não essenciais a partir de 14 de março.
Em Milão, a concentração do gás poluente dióxido de nitrogénio caiu 24% nas quatro semanas anteriores ao dia 24 de março, segundo a EEA.
Embora temporárias, as mudanças devem surtir efeito positivo no balanço anual de emissões de poluentes nessas cidades.
Consumo de energia elétrica e combustíveis
Segundo o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), o consumo de energia começou a apresentar sinais de retração no dia 19 de março, quando foi 2,3% inferior ao verificado uma semana antes. No domingo (22 de março), a queda foi de 8,9% na mesma base de comparação.
Com isso, caiu também a necessidade de geração hidrelétrica, o que possibilita a recuperação do nível de armazenamento dos reservatórios. No domingo, as usinas da região Sudeste e Centro Oeste tinham 48,7% de sua capacidade. Há um mês, eram 37,5%.
A carga de energia do sistema elétrico interligado do Brasil deve ter recuo de 8,1% em abril, segundo o ONS.
De acordo com a Fecombustíveis (Federação Nacional do Comércio Varejista de Combustíveis e Lubrificantes), os postos vêm sentindo também os efeitos das medidas de isolamento.
Na quinta (19 de março), as vendas em São Paulo foram 39% menores do que a média histórica para o município. Em Goiânia, a queda foi de 42%; em Porto Alegre, de 26%; e em Belo Horizonte, de 19%.
O alívio provavelmente será momentâneo, e sua causa é uma má notícia. Mas a redução de emissões e consumo de combustíveis fósseis podem acabar sendo realmente significativos para os balanços anuais do meio ambiente.
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